Anos 50
Com
o fim dos anos de guerra e do racionamento de tecidos, a mulher dos
anos 50 se tornou mais feminina e glamourosa, de acordo com a moda
lançada pelo "New Look", de Christian Dior, em 1947. Metros e metros de
tecido eram gastos para confeccionar um vestido, bem amplo e na altura
dos tornozelos. A cintura era bem marcada e os sapatos eram de saltos
altos, além das luvas e outros acessórios luxuosos, como peles e jóias.Essa
silhueta extremamente feminina e jovial atravessou toda a década de 50 e
se manteve como base para a maioria das criações desse período. Apesar
de tudo indicar que a moda seguiria o caminho da simplicidade e
praticidade, acompanhando todas as mudanças provocadas pela guerra,
nunca uma tendência foi tão rapidamente aceita pelas mulheres como o
"New Look" Dior, o que indica que a mulher ansiava pela volta da
feminilidade, do luxo e da sofisticação.E
foi o mesmo Christian Dior quem liderou, até a sua morte em 1957, a
agitação de novas tendências que foram surgindo quase a cada estação.Com
o fim da escassez dos cosméticos do pós-guerra, a beleza se tornaria um
tema de grande importância. O clima era de sofisticação e era tempo de
cuidar da aparência.
A maquiagem estava na moda e valorizava o olhar, o que levou a uma
infinidade de lançamentos de produtos para os olhos, um verdadeiro
arsenal composto por sombras, rímel, lápis para os olhos e sobrancelhas,
além do indispensável delineador. A maquiagem realçava a intensidade
dos lábios e a palidez da pele, que devia ser perfeita.Grandes
empresas, como a Revlon, Helena Rubinstein, Elizabeth Arden e Estée
Lauder, gastavam muito em publicidade, era a explosão dos cosméticos. Na
Europa, surgiram a Biotherm, em 1952 e a Clarins, em 1954, lançando
produtos feitos a base de plantas, que se tornaria uma tendência a
partir daí.Era
também o auge das tintas para cabelos, que passaram a fazer parte da
vida de dois milhões de mulheres - antes eram 500 -, e das loções
alisadoras e fixadoras.
Os penteados podiam ser coques ou rabos-de-cavalo, como os de Brigitte
Bardot. Os cabelos também ficaram um pouco mais curtos, com mechas
caindo no rosto e as franjas davam um ar de menina.
Dois estilos de beleza feminina marcaram os anos 50, o das ingênuas chiques, encarnado por Grace Kelly e Audrey Hepburn, que se caracterizavam pela naturalidade e jovialidade e o estilo sensual e fatal, como o das atrizes Rita Hayworth e Ava Gardner, como também o das pin-ups americanas, loiras e com seios fartos.Entretanto, os dois grandes símbolos de beleza da década de 50 foram Marilyn Monroe e Brigitte Bardot, que eram uma mistura dos dois estilos, a devastadora combinação de ingenuidade e sensualidade.As
pioneiras das atuais top models surgiram através das lentes dos
fotógrafos de moda, entre eles, Richard Avedon, Irving Penn e Willian
Klein, que fotografavam para as maisons e para as revistas de moda, como
a Elle e a Vogue.Durante
os anos 50, a alta-costura viveu o seu apogeu. Nomes importantes da
criação de moda, como o espanhol Cristobal Balenciaga - considerado o
grande mestre da alta-costura -, Hubert de Givenchy, Pierre Balmain,
Chanel, Madame Grès, Nina Ricci e o próprio Christian Dior,
transformaram essa época na mais glamourosa e sofisticada de todas.A
partir de 1950, uma forma de difusão da alta-costura parisiense
tornou-se possível com a criação de um grupo chamado "Costureiros
Associados", do qual faziam parte famosas maisons, como a de Jacques
Fath, Jeanne Paquin, Robert Piguet e Jean Dessès. Esse grupo havia se
unido a sete profissionais da moda de confecção para editar, cada um,
sete modelos a cada estação, para que fossem distribuídos para algumas
lojas selecionadas. Assim,
em 1955, a grife "Jean Dessès-Diffusion" começou a fabricar tecidos em
série para determinadas lojas da França e da África do Norte.O
grande destaque na criação de sapatos foi o francês Roger Vivier. Ele
criou o salto-agulha, em 1954 e, em 1959 o salto-choque, encurvado para
dentro, além do bico chato e quadrado, entre muitos outros. Vivier
trabalhou com Dior e criou vários modelos para os desfiles dos grandes
estilistas da época.Em
1954, Chanel reabriu sua maison em Paris, que esteve fechada durante a
guerra. Aos 70 anos de idade, ela criou algumas peças que se tornariam
inconfundíveis, como o famoso tailleur com guarnições trançadas, a
famosa bolsa a tiracolo em matelassê e o escarpin bege com ponta escura.Ao
lado do sucesso da alta-costura parisiense, os Estados Unidos estavam
avançando na direção do ready-to-wear e da confecção. A indústria
norte-americana desse setor estava cada vez mais forte, com as técnicas
de produção em massa cada vez mais bem desenvolvidas e especializadas.
Na Inglaterra, empresas como Jaeger, Susan Small e Dereta produziam
roupas prêt-à-porter sofisticadas. Na Itália, Emilio Pucci produzia
peças separadas em cores fortes e estampadas que faziam sucesso tanto na
Europa como nos EUA.
Na França, Jacques Fath foi um dos primeiros a se voltar ao
prêt-à-porter, ainda em 1948, mas era inevitável que os outros
estilistas começassem a acompanhar essa nova tendência a medida que a
alta-costura começava a perder terreno, já no final dos anos 50.Nessa
época, pela primeira vez, as pessoas comuns puderam ter acesso às
criações da moda sintonizada com as tendências do momento.Em
1955, as revistas Elle e Vogue dedicaram várias páginas de sua
publicação às coleções de prêt-à-porter, o que sinalizava que algo
estava se transformando no mundo da moda.Uma
preocupação dos estilistas era a diversificação dos produtos, através
do sistema de licenças, que estava revolucionando a estratégia econômica
das marcas. Assim, alguns itens se tornaram símbolos do que havia de
mais chique, como o lenço de seda Hermès, que Audrey Hepburn usava, o
perfume Chanel Nº 5, preferido de Marilyn Monroe e o batom Coronation
Pink, lançado por Helena Rubinstein para a coroação da rainha da
Inglaterra.Dentro do
grande número de perfumes lançados nos anos 50, muitos constituem ainda
hoje os principais produtos em que se apóiam algumas maisons, cuja
sobrevivência muitas vezes é assegurada por eles.A
Guerra Fria, travada entre os Estados Unidos e a então União Soviética
ficou marcada, durante os anos 50, pelo início da corrida espacial, uma
verdadeira competição entre os dois países pela liderança na exploração
do espaço.
A ficção científica e todos os temas espaciais passaram a ser associados
a modernidade e foram muito usados. Até os carros americanos ganharam
um visual inspirado em foguetes. Eles eram grandes, baixos e compridos,
além de luxuosos e confortáveis.Os
Estados Unidos estavam vivendo um momento de prosperidade e confiança,
já que haviam se transformado em fiadores econômicos e políticos do
mundo ocidental após a vitória dos aliados na guerra. Isso fez surgir,
durante esse período, uma juventude abastada e consumista, que vivia com
o conforto que a modernidade lhes oferecia.Melhores
condições de habitação, desenvolvimento das comunicações, a busca pelo
novo, pelo conforto e consumo são algumas das características dessa
época.A televisão
se popularizou e permitia que as pessoas assistissem aos acontecimentos
que cercavam os ricos e famosos, que viviam de luxo, prazer e elegância,
como o casamento da atriz Grace Kelly com o príncipe Rainier de Mônaco.A
tradição e os valores conservadores estavam de volta. As pessoas
casavam cedo e tinham filhos. Nesse contexto, a mulher dos anos 50, além
de bela e bem cuidada, devia ser boa dona-de-casa, esposa e mãe. Vários
aparelhos eletrodomésticos foram criados para ajudá-la nessa tarefa
difícil, como o aspirador de pó e a máquina de lavar roupas.Em
contraposição ao estilo norte-americano de obsolescência planejada, ao
criarem produtos pouco duráveis, na Europa ressurgiu, especialmente na
Alemanha, o estilo modernista da Bauhaus, com o objetivo de fabricar
bens duráveis, com um design voltado a funcionalidade e ao futuro,
refletindo a vida moderna. Vários equipamentos, como rádios, televisores
e máquinas, foram criados seguindo a fórmula de linhas simples,
durabilidade e equilíbrio.
Ao
som do rock and roll, a nova música que surgia nos 50, a juventude
norte-americana buscava sua própria moda. Assim, apareceu a moda
colegial, que teve origem no sportswear. As moças agora usavam, além das
saias rodadas, calças cigarrete até os tornozelos, sapatos baixos,
suéter e jeans.O
cinema lançou a moda do garoto rebelde, simbolizada por James Dean, no
filme "Juventude Transviada" (1955), que usava blusão de couro e jeans.
Marlon Brando também sugeria um visual displicente no filme "Um Bonde
Chamado Desejo" (1951), transformando a camiseta branca em um símbolo da
juventude.
Já na Inglaterra, alguns londrinos voltaram a usar o estilo eduardiano,
mas com um componente mais agressivo, com longos jaquetões de veludo,
coloridos e vistosos, além de um topete enrolado. Eram os "teddy-boys".Ao
final dos anos 50, a confecção se apresentava como a grande
oportunidade de democratização da moda, que começou a fazer parte da
vida cotidiana. Nesse cenário, começava a ser formar um mercado com um
grande potencial, o da moda jovem, que se tornaria o grande filão dos
anos 60.
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