1. A Pirâmide Escalonada de Sakara, nas imediações do Cairo
É o monumento mais antigo do Egito e do
mundo, datado de 2650 a.C. Não bastasse isso, ela ainda impressiona pela
grandeza e pela sensação de paz que proporciona, pelo fato de a
urbanização da cidade não ter chegado até lá. Incluo a monumental
estátua de Ramsés II em Mênfis, cidade que por séculos foi a mais
importante e a mais cosmopolita do Egito. Se hoje resta pouco da antiga
grandeza, o faraó deitado ainda é um espetáculo: mede mais de 10 metros
de altura. Seriam 13 se não tivesse perdido parte das pernas.
2. Os templos de Karnak e Luxor
Mais que templos, são um conjunto de
santuários, colunas, pilares e obeliscos dedicados aos deuses tebanos e
aos faraós. Têm de ser vistos durante o dia e à noite, quando o
deslumbre é ainda maior. Se de Mênfis resta muito pouco, a Tebas
histórica está toda ali, perto de nossos olhos, mãos e coração.
Impossível não se emocionar.
Ainda há uma avenida das esfinges
ligando Karnak a Luxor. E mais ainda: o moderno e bem equipado Museu de
Arte Antiga Egípcia vale uma visita, e passear de charrete, ou a pé, à
beira do Nilo, preguiçosamente, é importante para digerir tanta
informação.
3. Vale dos Reis, Vale das Rainhas e os Colossos de Memnon
Sobre o Vale dos Reis, apenas deserto,
poeira e calor. Embaixo: tumbas e mais tumbas. As mais importantes são
as de Ramsés IV, Ramsés I e Ramsés IX. Fartamente decoradas e pintadas,
deixam-nos todos de boca aberta. No Vale das Rainhas, entre inúmeros
templos funerários, destaque absoluto para o da rainha Hatchepsout,
feito por Senenmout, seu arquiteto, primeiro ministro e favorito. Emerge
da rocha com a qual parece mimetizar e, segundo o guia Michelin, “por
suas proporções divinamente harmoniosas e pela qualidade da realização
de sua estrutura, esse templo funerário deveria imortalizar não somente a
rainha mas também seu arquiteto”.
Os Colossos de Memnon: duas gigantescas
estátuas de Amenófi s III. São dois blocos monolíticos, pesando 720
toneladas cada um. O da direita de quem olha apresentava um fenômeno
curioso que gerou mil histórias: depois da umidade da noite e com o
calor do sol matinal, emitia sons que pareciam lamentos. Prato cheio
para superstições e lendas.
4. Cruzeiro pelo Nilo
Nunca é demais lembrar que o Egito é uma
dádiva do Nilo. Além do mais, navegá-lo é a melhor maneira de conhecer
três dos mais bem conservados templos do país:
Dendera Inteiramente dedicado a Hator,
deusa do amor e do sexo, protetora das mulheres e considerada babá do
faraó. Todas as colunas têm capitéis com o rosto da deusa, sempre sem o
nariz, culpa de um dos muitos invasores do Egito.
Edfu Mede 137 por 79 metros, o que o faz
o segundo templo do Egito depois de Karnak. É dedicado a Horus, o
falcão, marido de Hator. Consta que os deuses se visitavam anualmente, o
que era motivo de festas que duravam um mês. Aqui os capitéis são
variados: feixes de trigo, palmeiras, flores de lótus. Sem dúvida,
serviram de inspiração para a art nouveau, séculos depois.
Kom Ombo Dedicado ao deus crocodilo
Sobek e também a Horus, foi construído por Ptolomeu VI, no século 3 de
nossa era. A localização é privilegiada: numa acrópole à beira do Nilo.
Penso que no Egito todos os templos e estátuas não são apenas templos e
estátuas, mas sim eternos vigilantes e testemunhas da história.
5. O Templo de Ísis na Ilha de Philae, em Aswan
Construído pelos ptolomeus, a última
dinastia de faraós gregos (Cleópatra foi a derradeira rainha dessa
dinastia), foi totalmente transportado de uma ilha para outra quando da
construção da grande represa por Nasser, presidente do país entre 1954 e
1970. O lugar serviu de inspiração para um sem-número de escritores e
artistas, que fizeram de Philae um centro de peregrinação poética no
século 19. Aswan, debruçada sobre o Nilo – sempre ele -, ainda conserva o
ar de mistério e sedução que inspirou Agatha Christie em seu
best-seller Morte no Nilo.
6. Os Templos de Abu Simbel
A meia hora de vôo de Aswan, dedicados a
Ramsés II e a sua bem-amada Nefertari. Talvez o testemunho mais
grandioso do poder desse magnífico faraó se encontre aqui, nos confins
do Egito, na fronteira com o Sudão. Os templos também foram mudados de
lugar para escapar à inundação da grande represa de Nasser. O trabalho
hercúleo de artesãos, engenheiros e arquitetos de todo o mundo foi tão
monumental quanto as quatro gigantescas estátuas de Ramsés II, que
guardam a entrada do templo e olham para o deserto sem fim.
7. A Península do Sinai
O balneário de Sharm El-Sheikh, famoso
ponto de mergulho, é a base perfeita para visitar o Mosteiro de Santa
Catarina, aos pés do Monte Sinai, onde Moisés, segundo a tradição,
recebeu as Tábuas da Lei. Local sagrado para cristãos, judeus e
muçulmanos, é um conjunto de construções, algumas datadas do século 4 de
nossa era. O mosteiro é o único no mundo continuamente habitado, sempre
por monges ortodoxos gregos, desde o século 6, tendo sobrevivido aos
inúmeros invasores do Sinai. Seu interior guarda preciosidades, como a
Igreja da Transfiguração, a Capela da Salsa Ardente, o Poço de Moisés e o
Museu do Monastério. É a Bíblia ao vivo. Tudo precisa ser visto em
apenas duas horas. Os monges abrem o lugar às 10 da manhã e fecham ao
meio-dia, pontualmente.