Em diversas culturas espalhadas pelo
mundo, a celebração da passagem do ano ou das estações é feita com o
intuito de estabelecer a renovação do mundo e o revigoramento dos
valores que agregam uma determinada civilização. Semelhantemente, o
Natal também incorpora esse mesmo princípio de renovação ao celebrar o
nascimento de uma das figuras centrais do cristianismo, Jesus Cristo. De
fato, em diversas manifestações natalinas podemos também enxergar a
reafirmação desse mesmo valor.
Dessa maneira, podemos observar que os
princípios natalinos se configuraram em diferentes culturas ao longo do
tempo. Os mesopotâmicos, por exemplo, celebravam nessa mesma época o
Zagmuk. Segundo a tradição mesopotâmica, o fim do ano era marcado pelo
despertar de monstros terríveis a serem combatidos por Marduk, sua
principal divindade. Durante a festividade, um homem era escolhido para
ser vestido e tratado como rei, para depois ser sacrificado, levando
todos os pecados do povo consigo.
Nas civilizações nórdicas, o Yule –
marcado para o dia 21 de dezembro – marcava o retorno do sol. Para
celebrar a mudança, grandes toras de madeiras eram amontoadas para a
montagem de grandes fogueiras que tinham em suas labaredas a
representação de novas colheitas e rebanhos a serem consumidos no ano
seguinte. Marcando o início do inverno, a celebração reafirmava uma
grande esperança nas novas conquistas a serem obtidas no novo ano que se
iniciava.
Na Roma Antiga, a data de 25 de
dezembro marcava o início das celebrações em homenagem ao nascimento do
deus Sol, conhecido como “Natalis Solis Invcti” (O Nascimento do Sol
Invencível). Nessa mesma época, entre os dias 17 e 24 de dezembro,
também ocorriam as festividades da Saturnália, celebração cercada de
muita comida e bebida onde as normas do mundo formal eram subvertidas
com o intuito de promover a renovação dos valores por meio de festas
marcadas pela inversão dos padrões vigentes.
Com a oficialização do cristianismo no
interior do Império Romano, várias destas datas foram incorporadas com o
propósito de alargar o número de convertidos à nova religião do Estado.
Nesse processo, o dia 25 de dezembro foi instituído como a data em que
se comemorara o nascimento de Jesus Cristo. Na verdade, várias analogias
entre as tradições pagãs e os valores cristãos oferecem uma grande
proximidade entre os significados atribuídos a Cristo e as divindades
anteriormente cultuadas.
Assim como Jesus Cristo, Mitra era
reconhecida como uma grande divindade mediadora espiritual para os
romanos. Da mesma forma, Jesus, considerado “O Messias”, teria a mesma
função de conceder a salvação espiritual a todos aqueles que
acreditassem em seus ensinamentos por meio da conversão. Com isso, a
absorção dos princípios e referenciais religiosos da cultura romana
influenciou na ordenação das festividades e divindades do Cristianismo.
Mesmo a Bíblia não especificando o
nascimento de Cristo, as autoridades cristãs fizeram a escolha desta
data, que foi mais tarde reconhecida pelo Papa Julius I (337 -352). Com o
processo de expansão e regulamentação das tradições do cristianismo, o
feriado natalino ganhou enorme força ao seguir o próprio processo de
expansão da nascente religião. Dessa maneira, o Natal conseguiu se
transformar em uma das principais datas a serem comemoradas pelos
cristãos de todo o mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário